05/11/2025 às 23h55
Por Sarah Azevedo
Mais de uma hora de bate-papo com um público extremamente interessado foi o resultado da presença de Paulo Moreira na 11ª Bienal Internacional do Livro de Alagoas. O ilustrador, um dos nomes de maior relevância da nova geração de quadrinistas nacionais, esteve no evento a convite do Sesc, em parceria com a Universidade Federal de Alagoas (Ufal), para conversar com os leitores sobre temas que foram desde referências artísticas e processo de criação até estratégias editoriais.
Conhecido pela observação afiada do cotidiano, que consegue transferir para os quadrinhos com um excelente senso de humor, Paulo afirma extrair grande parte de seus personagens e roteiros de suas próprias vivências; com a naturalidade de quem parece não se dar conta de possuir uma habilidade que muitos, mesmo desejando, mal conseguem alcançar. “Eu gosto de fazer meus personagens os mais reais possíveis, e o real que eu conheço é o que eu vivo”, afirma.
No evento, após um breve diálogo com o jornalista e desenhista alagoano Ênio Lins, Paulo respondeu às perguntas do público, que o inundou de dúvidas sobre diversos temas relacionados ao cenário dos quadrinhos. Entre os presentes estava o também ilustrador Will Cavalcante, que viu na vinda de Paulo à Bienal a oportunidade de uma troca mais rica com outro artista.
“Nesses eventos, você pode fazer perguntas específicas, que às vezes um repórter não faz. Tipo: ‘Como é que você faz? Você começa fazendo rascunho ou começa pelo roteiro?’ É muito específico, entende? E com certeza devem ter outros artistas que também vieram prestigiar, conversar, trocar uma ideia com ele, perguntar coisas específicas em relação a isso, porque o bate-papo é pra isso, né? Tanto que fluiu super bem e o pessoal ficou perguntando até os últimos minutos”, contou.
Outros temas recorrentes na conversa foram a valorização das referências culturais próprias, independentemente das tradições mercadológicas, e o papel das redes sociais na divulgação de artistas fora do eixo Sul-Sudeste. Sobre essa última questão, Paulo, que é paraibano, destacou: “Eu sinto que é como se meu trabalho estivesse na mesma vitrine que muita gente desse eixo. Acho que foi isso que me deu uma grande ajuda pra ganhar reconhecimento.”
O encontro com Paulo Moreira também evidenciou o compromisso do Sesc e da Ufal em aproximar o público alagoano de diferentes expressões artísticas e incentivar o diálogo entre criadores locais e nomes reconhecidos nacionalmente. Essa troca, além de inspirar novos artistas, reforça a importância da circulação de ideias e da descentralização da produção cultural.
Além dos convidados trazidos pelo Sesc e pela Ufal para a programação especial da Bienal, como Paulo, o Sesc realiza uma agenda paralela na Sala Pajuçara, aberta ao público e com atividades diárias. Para conferir os detalhes da programação, basta clicar AQUI.